O Ministério Público da Bahia, através do Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco), denunciou Flávia Mendonça, filha da prefeita de Ipiaú, Maria das Graças Mendonça (PP), por participação em um esquema de fraude que teria desviado R $ 20 milhões através de fraudes em contratos e licitações com o município. A denúncia protocolada no fim de agosto pelo órgão e foi aceita pela Justiça neste mês, por meio da Vara Criminal da Comarca de Ipiaú.
Além dela, 14 pessoas foram denunciadas no esquema criminoso. Documentos obtidos pelo BNews apontam que Flávia Mendonça, apesar de não ter carga no município de Ipiaú, atuava como uma espécie de intermediadora entre empresas e o setor de licitações do município.
O Gaeco lista orçamentos de cotação para um processo licitatório que foram encaminhados para um e-mail que seria de Flávia. A denúncia traz um print de uma conversa no aplicativo de mensagens WhatsApp de um número atribuído a Mendonça, na qual ela cobra repasses de valores oriundos dos pagamentos feitos pelo município de Ipiaú. Veja:
“Observe-se, portanto, que a denunciada FLAVIA transita com muita verticalidade entre os núcleos públicos e privados. Todas as evidências apontam que, apesar de não ter nenhuma carga formal na Prefeitura de Ipiaú, ela faz as vezes de prefeita”, diz o MP na denúncia.
O Gaeco também recebeu um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), que monitora e analisa informações financeiras para combater atividades ilícitas, como lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e corrupção. Na denúncia, o grupo aponta que a transferência financeira da Mendonça Patrimonial, empresa da qual Flávia é sócia e administradora, teria sido usada para cometimento do crime de lavagem de dinheiro.
"A transação financeira observada no período analisado é incompatível com o seu faturamento anual declarado, indicando possível tentativa de sonegação fiscal. (...) Não foram encontrados fundamentos econômicos ou legais para a transação financeira, podendo a existência de configuração de preconceitos do crime de crime lavagem de dinheiro”, aponta o COAF ao MP.