Em
Camaçari, o grupo petista resolveu adotar a mesma estratégia que deu errado em
Feira de Santana, onde Zé Neto (PT) foi derrotado por Zé Ronaldo (União Brasil)
já no primeiro turno. A tática é a do “vale tudo”, usando com força o aparato
institucional do estado para apoiar Luiz Caetano (PT). O governo tem utilizado
a Secretaria da Saúde (Sesab) para fazer ataques à gestão do município e até
mesmo integrantes da Polícia Militar para perseguir e inibir adversários, além
de fazer as famosas promessas faraônicas clássicas do PT em períodos de
campanha eleitoral. Para completar, as forças governistas estão usando métodos
nada republicanos para tentar cooptar para o lado de Caetano lideranças que
apoiam Flávio Matos (União Brasil). O problema é que a população não aprovou a
estratégia da opressão e já carimbou os que mudaram de lado de traidores.
O
governador Jerônimo Rodrigues (PT) resolveu tomar para si as negociações para
tentar cooptar lideranças que apoiam Flávio Matos neste segundo turno em
Camaçari. O próprio petista tem ligado para vereadores da base do candidato do
União Brasil, perguntando inclusive quanto gastaram na campanha, para levá-los
para o lado de Caetano. Alguns até topam as “vantagens” oferecidas por
Jerônimo, mas a maioria agradece o contato e fica ao lado da coerência
política.
Fábrica de mentiras
Parece
que Caetano resolveu incorporar de vez a pecha de mentiroso. Depois de propagar
aos quatro cantos que ganharia a eleição com 20 pontos de vantagem, usando
inclusive pesquisas de procedência duvidosa, o petista agora resolveu ativar
uma verdadeira fábrica de mentiras na cidade. O gabinete do ódio de Caetano
chega a produzir posts para redes sociais usando a imagem de Flávio Matos para
forjar uma ligação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma das peças usa
até a identidade visual do candidato do União Brasil citando a realização de
uma motociata, o que não passa de fake news. A estratégia, contudo, é encarada
como uma jogada desesperada de Caetano, que vê Flávio em franca ascensão e, ao
mesmo tempo, não consegue se defender de seu passado.
A
volta dos que já foram
Após
a derrota histórica em Salvador, o vice-governador Geraldo Júnior (MDB)
reapareceu depois de sumir por um tempo e tratou de compartilhar a derrota com
o governador Jerônimo Rodrigues e com toda a base governista. Terceiro lugar na
disputa, atrás de Kleber Rosa (PSOL) e do prefeito Bruno Reis (União Brasil),
reeleito com a maior votação da história, Geraldo concedeu entrevista à rádio
Metrópole nesta semana e, com seu estilo lero lero, minimizou a derrota e fez
questão de ressaltar o número de abstenções. Só esqueceu de dizer que ele
perdeu até para os brancos e nulos e que seu melhor desempenho foi nos
presídios da capital baiana.
Página
virada
Geraldo
também deixou claro na entrevista que pretende pleitear sua presença na chapa
majoritária de 2026, usando o discurso do direito à reeleição pregado pelo
senador Jaques Wagner (PT). O problema é que, internamente, a cúpula governista
considera o vice-governador página virada. Interlocutores dizem que qualquer
compromisso com Geraldo foi quitado em 2024 e apontam que, diante do cenário
pós-eleição, é muito difícil ter o vice-governador e o MDB na chapa.
Desconexão
vermelha I
É
de estarrecer o discurso do governador Jerônimo Rodrigues diante da nova onda
de violência na Bahia nos últimos dias. Com 14 assassinatos em um dia, ônibus
incendiados e bairros de Salvador sem transporte público por causa da guerra de
facções, Jerônimo insiste em minimizar o tema e dizer que o problema é
nacional, numa clara tentativa de empurrar a situação para debaixo do tapete e
criar narrativas que não reduzem as estatísticas nem dão segurança às pessoas.
Os comentários negativos nas redes sociais, seja nas páginas de Jerônimo ou de
veículos de comunicação, evidenciam o tamanho da impaciência da população com a
violência.
Desconexão
vermelha II
Voltando
a Camaçari, o ex-prefeito Luiz Caetano deu uma demonstração completa de
desconexão da realidade ao rasgar elogios para a atuação de Jerônimo na
segurança pública. Não bastasse a visão marciana sobre o drama da segurança
pública, Caetano ainda sugeriu que, se eleito, vai enfrentar o problema da
insegurança, como se já não tivesse tido a oportunidade de mudar esse cenário
enquanto foi secretário do próprio Jerônimo. Fica na cabeça do eleitor uma
dúvida cruel: ele agora quer a oportunidade de fazer aquilo que já teve a
chance de fazer, e não fez? É isso mesmo?
Dobradinha
quebrada
Por
falar na dupla Jerônimo-Caetano, o saldo das urnas não foi nada positivo para a
recente experiência de cabo eleitoral do governador em Camaçari, para onde
inclinou a máquina administrativa do estado em favor do mais rasteiro jogo
eleitoral contra os adversários. A resposta veio nas urnas: eles foram
duplamente derrotados no bairro onde o governador chegou a anunciar a
construção de uma Policlínica, numa tacada meramente eleitoreira. Com esse
extrato, estrategistas de Caetano já não mais depositam esperanças de que
Jerônimo poderá agregar voto neste segundo turno. Alguns sugerem até que ele
fique um pouco mais distante do candidato para não comprometer aquilo que já
foi alcançado em primeiro turno.
Orçamento
sem lei
Técnicos em administração pública classificaram a Lei Orçamentária Anual (LOA), enviada esta semana pelo governo do estado à Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), como uma “peça de ficção”. Segundo eles, os números apresentados não correspondem à execução real das contas estaduais. Um exemplo citado é o da Companhia de Transportes da Bahia (CTB), responsável pelo VLT do subúrbio, cujo orçamento previsto é de apenas R$ 47 milhões, considerado insuficiente para a magnitude da obra. Outro caso mencionado é o da Sufotur, que já acumula gastos anuais próximos de meio bilhão, mas aparece com valores significativamente inferiores na peça orçamentária. Dessa forma, o governador Jerônimo Rodrigues acaba operando um orçamento ao gosto do freguês, fazendo suplementações ao longo do ano sem o mínimo controle da Assembleia ou do Tribunal de Contas.