A
nova fase da operação Raízes de Papel, que combate um esquema de fraudes em contra o INSS
encabeçado pela advogada Lilian Joic Silva Batista, chegou a outra
peça-chave do crime: um gerente da instituição. De acordo com a investigação, o
servidor público que virou alvo de mandado participava do esquema criminoso por
ser apaixonado pela advogada, concedendo a ela informações cruciais para as fraudes.
“No
mandado de busca e apreensão, foi encontrada uma tabela que indica o
recebimento de valores por cada benefício aprovado. No entanto, considerando o
cargo e os ganhos do servidor, ele não ajudava por questão financeira. A
suspeita é que o gerente é apaixonado pela advogada e concedia esses favores
para, de alguma forma, estar mais perto dela”, relata o investigador sob
anonimato.
A
suspeita se dá por conta de mensagens trocadas entre o gerente e o irmão da
advogada em que ele questiona os motivos dela ter se casado no Rio de Janeiro
com outro homem. A empresa do marido de Lilian, inclusive, também foi alvo da
operação. Ao detalhar a participação do gerente nas ações de fraude da
investigada, ele afirma que as informações eram cedidas de maneira presencial e
por mensagens.
“Os
favores concedidos pelo gerente vão de tratamento especial na agência, onde a
advogada nem pegava fila para ser atendida, até conversas através de
aplicativos de mensagens com a investigada e o irmão. Nessas mensagens, por
exemplo, ele informava se as pessoas tinham direito ao benefício que era obtido
de maneira indevida. Ou seja, ele facilitava todo o esquema”, explica o
policial.
Como
funcionava a fraude
Segundo
a investigação, a advogada agiu, principalmente, na solicitação de auxílio de
maternidade rural. Na fraude, entretanto, ela falsificava documentos que
atestassem vínculo empregatício de clientes com empresas em que eles nunca
trabalharam, lesando o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
"A
investigada abordava mulheres grávidas e dizia que elas tinham direito ao
benefício só pelo fato de ter filho. Esse auxílio é só para quem está
trabalhando no âmbito rural. Por isso, ela, junto com o dono de uma fazenda,
fraudava contratos de arrendamento para comprovar um vínculo de trabalho que
era suficiente para a pessoa conseguir o benefício", contou um policial
envolvido na investigação na época.
A
fonte explicou ainda como o esquema criminoso funcionava. "O que temos de
investigação, inclusive com a confissão do dono da fazenda, é que ela pagou R$
6 mil a ele para assinar os contratos de todas as mães que arranjou para a
fraude. Localizamos 30 processos com essas características de fraude, mas há
mais processos sob investigação", completou o policial.
A investigação aconteceu nos últimos seis meses, mas ainda em março a investigada se mudou para o Rio de Janeiro. Além de fraudar os processos, ela não repassava os valores do benefício, em torno de R$ 3 mil, para os clientes, que começaram a cobrá-la. A operação que investiga a advogada foi batizada de Raízes de Papel e cumpriu quatro mandados de busca e apreensão nas cidades de Juazeiro e Sobradinho, na segunda-feira (30).
Correio da Bahia
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