As companhias aéreas brasileiras Gol e
Azul anunciaram o encerramento das negociações para uma possível fusão entre as
empresas, bem como o fim do acordo de compartilhamento de voos (codeshare).
Motivos da desistência
A Gol, por meio de sua controladora
Abra, informou que as negociações não progrediram nos últimos meses em razão do
foco da Azul em seu processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, com
base no Chapter 11.
Segundo a empresa, apesar do interesse
inicial em avançar com a fusão, as partes não tiveram discussões significativas
ou progrediram em uma possível operação de combinação de negócios por vários
meses devido à mudança de cenário estratégico da Azul.
A Azul também confirmou o fim das
tratativas, afirmando que continuará informando seus acionistas e o mercado
sobre eventuais desdobramentos relativos à negociação.
Além disso, ambas as empresas anunciaram
a rescisão do acordo de codeshare firmado em maio de 2024, que permitia
integrar suas malhas e ampliar a conectividade doméstica. Os bilhetes já
vendidos sob esse regime serão honrados normalmente.
Reações do mercado
Depois do anúncio, a ação da Azul
encabeçou os ganhos do Ibovespa, com valorização de até 22% em seus picos. Já
as ações da Gol também registraram alta, de cerca de 5,8% no mesmo momento do
pregão.
Esse movimento reflete o alívio dos
investidores diante da desistência da fusão, especialmente por causa das
incertezas jurídicas, regulatórias e financeiras que a operação implicava.
Cenário do setor aéreo brasileiro
A fusão entre Gol e Azul vinha sendo
vista como uma das operações mais relevantes no mercado doméstico, que hoje
congrega três grandes companhias: Latam, Gol e Azul.
Dados da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac) indicam que a Latam detém cerca de 41,1% do mercado, seguida pela
Gol com 30,1% e Azul com 28,4% — números que mostram o quão concentrado e
competitivo é esse setor.
Importante lembrar que o Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade) já havia exigido que as empresas
formalizassem o acordo de codeshare e alertado para os riscos de anúncios
prematuros de fusão, por potenciais impactos à concorrência.
O que vem pela frente
Com o rompimento das negociações, Gol e
Azul devem seguir seus caminhos independentes. A Gol, que recentemente concluiu
seu processo de reestruturação internacional via Chapter 11, continuará focada
no fortalecimento de sua operação e expansão.
Por sua vez, a Azul segue sob regime de
recuperação judicial internacional, com planos de reestruturação e recomposição
de capital em curso.
Embora o acordo de fusão tenha sido
abandonado agora, ambas as empresas mantêm a possibilidade de novos diálogos no
futuro.
O setor aéreo nacional observa com
atenção os próximos passos, já que o fim das negociações elimina, ao menos por
enquanto, uma mudança estrutural potencial no mercado de aviação brasileiro.
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