A Tropa de Choque da Polícia Militar (PM) matou
nesta terça-feira (23/9), Cleberson Paulo dos Santos, conhecido como “Nego
Mimo”, “Nego Limo” ou “Mimo” e apontado como membro da Sintonia
dos 14, ou Bonde dos 14, grupo do Primeiro Comando da Capital (PCC) que já sentenciou o
ex-delegado Ruy Ferraz Fontes à morte. Mimo foi morto após troca de tiros na
zona leste de São Paulo.
Ele seria um dos homens escolhidos pelo grupo para executar o policial.
Segundo a polícia, o suspeito foi
localizado na Rua Luiza Rosa Paz Landim, na Vila Curuçá. Ao perceber a presença
policial, o indivíduo efetuou disparos de arma de fogo contra os militares, que
revidaram e mataram o suspeito.
Cleberson estava foragido do Centro de
Detenção Provisória de Valparaíso desde 2022, após não retornar de uma saída
temporária. Ele havia sido condenado por homicídio. Com a fuga, o suspeito
deixou de cumprir 10 anos de prisão, que ainda restavam de sua condenação.
Mimo tinha passagens pelos crimes de
roubo, homicídio, associação criminosa, associação ao tráfico de drogas,
corrupção de menor, uso de documento falso e falsificação de documento público.
Segundo a Polícia Militar, Cleberson foi
identificado como membro do Bonde dos 14, grupo responsável por organizar
ataques contra autoridades do estado de São Paulo, em 2019, após investigação
da Polícia Civil.
Na época, ele foi citado como liderança
disciplinar de integrantes em liberdade, atuando na zona leste da capital.
Documentos apreendidos comprovaram sua participação em planos que incluíam
atentados contra o então delegado-geral Ruy Ferraz Fontes.
O que se sabe sobre a execução
A polícia usa imagens de câmeras de segurança para entender a dinâmica do crime que vitimou o ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, no dia 15 de setembro, no litoral paulista.
Um vídeo obtido pelo Metrópoles mostra
o momento em que os criminosos dera início à emboscada. Eles estacionaram um
carro em uma rua próxima da Prefeitura de Praia Grande, onde a vítima trabalhava como
titular da Secretaria de Administração, às 18h02.
Após 14 minutos, o veículo de Ruy Fontes
aparece na gravação, passa ao lado dos criminosos e é alvo de tiros. Ruy tenta
fugir, mas é perseguido, bate o carro em um ônibus após cerca de 2,5
quilômetros e é executado.
Nenhuma linha de investigação descartada
Autoridades da SSP não descartam a
participação de agentes públicos na execução de Ferraz. Além de ter sido
inimigo número 1 do PCC quando atuava como delegado, Ruy Ferraz tinha
inimizades dentro da polícia e trabalhava como secretário de Administração em
Praia Grande, onde pode ter contrariado interesses locais. Oficialmente,
nenhuma hipótese é descartada pela cúpula da SSP.
Internamente na Polícia Civil, a ação
tem sido comparada à execução do corretor de imóveis Vinícius Gritzbach,
inimigo do PCC morto com 10 tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de São
Paulo, em Guarulhos. De acordo com as investigações, três PMs teriam sido
contratados pela facção para executar o crime.
Entre as linhas de investigação sobre o
mando do crime, a força-tarefa acredita em uma possível vingança do PCC. Ruy
Ferraz foi o primeiro delegado a investigar a facção no estado, no começo dos
anos 2000, e atuou na transferência algumas das principais lideranças parapresídios federais de segurança máxima, como Marco Willians Herbas Camacho, oMarcola.
Quem era Ruy Ferraz
- Ruy
Ferraz Fontes atuou por mais mais de 40 anos Polícia Civil de São Paulo
era especialista na facção criminosa PCC.
- Ele
iniciou a carreira como delegado de polícia titular da Delegacia de
Polícia do Município de Taguaí, do Departamento de Polícia Judiciária de
São Paulo Interior (Deinter) 7.
- Durante
a vida profissional, foi delegado de Polícia Assistente da Equipe da
Divisão de Homicídios do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção
à Pessoa (DHPP).
- Também
atuou como delegado de Polícia Titular da 1ª Delegacia de Polícia da
Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes do Departamento Estadual de
Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
- Além
disso, Ferraz foi delegado de Polícia Titular da 5ª Delegacia de Polícia
de Investigações Sobre Furtos e Roubos a Bancos do Departamento Estadual
de Investigações Criminais (Deic) e comandou outras delegacias e divisões
na Capital.
- O
então secretário de Administração de Praia Grande também esteve à frente
da Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo e foi Diretor do
Departamento de Polícia Judiciária da Capital (DECAP).
- Ele
ainda foi professor Assistente de Criminologia e Direito Processual Penal
da Universidade Anhanguera e atou como Professor de Investigação Policial
pela Academia da Polícia Civil do Estado de São Paulo (Acadepol).
- Ruy
assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande em janeiro de 2023,
permanecendo na gestão que se iniciou em 2025, até ser morto nessa
segunda-feira.
- O
policial também foi o primeiro delegado a investigar a atuação do PCC no
estado, enquanto chefiava a Delegacia de Roubo a Bancos do Departamento
Estadual de Investigações Criminais (Deic), no início dos anos 2000.
- Ele
foi jurado de morte por Marco William Herbas Camacho, o Marcola, apontado
como líder máximo do PCC, em 2019, após o criminoso ser transferido para o
sistema penitenciário federal.
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