Atraídas pela promessa de cura, pelo
menos 12 mulheres teriam sofrido abuso sexual praticado por um religioso. O homem, de 47 anos, foi preso em Itabira, na região Central
de Minas Gerais, na terça-feira (9/9). As investigações apontam que, há
pelo menos 3 anos, o suspeito se aproveitava da vulnerabilidade de vítimas e,
com a justificativa de curá-las de doenças, praticava crimes sexuais contra
elas em sessões que ocorriam no centro religioso do qual seria "líder".
"Se, por exemplo, a mulher tinha
câncer de mama, ele pedia para chupar os seios dela para curá-la", disse o
delegado responsável pelo caso, João Martins Teixeira, ao revelar detalhes da
ação do suspeito ao Super Notícia. Ele contou que o religioso
passou a ser investigado há um mês, após uma das vítimas procurar a Delegacia
Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), contanto ter sofrido abuso
sexual.
O suspeito, que é natural de Itabira,
foi detido em sua casa, localizada no segundo andar do imóvel onde funciona o
centro religioso. De acordo com Teixeira, ele não ofereceu resistência durante
o cumprimento do mandado de prisão.
Como agia
A Polícia Civil informou que as vítimas
eram frequentadoras do centro religioso do suspeito e que chegavam a pagar
mensalidade para ter acesso aos rituais. Elas, segundo o delegado, em sua
maioria mulheres entre 24 e 42 anos, são de classes sociais mais baixas.
"São pessoas simples que procuravam o centro para serem de alguma forma
atendidas e ajudadas em suas aflições", relatou Teixeira.
Depoimentos de vítimas e testemunhas à
polícia, revelam que os rituais feitos pelo homem eram muito parecidos.
Teixeira explicou que, durante as práticas, o religioso dizia que incorporava o
espírito Sete Punhal e ficava em transe. Ele pedia para as vítimas ficarem nuas
enquanto fazia o ritual. "Além de mulheres, ele fazia os rituais com
homossexuais também", afirmou o delegado.
As investigações mostram que o suspeito,
às vezes, passava ervas ou colocava grãos pelo corpo das vítimas, realizava os
toques íntimos e até penetração, dependendo do caso. "Se ela alegava cisto
no ovário, ele fazia a penetração com a desculpa de que iria curar a
doença", afirmou Teixeira.
De acordo com o delegado, as vítimas
também contaram que o homem afirmava que, com as relações sexuais e banhos nos
quais ele untava as mulheres nuas com alimentos, elas iriam se curar.
Ainda conforme relatos das mulheres, o
investigado dizia incorporar um Exu, espírito chamado Sete Punhal. O suspeito
chegou a dizer em depoimento que o espírito gostava de farra, bebidas e sexo.
"Para as vítimas, ele alegava que a prática de atos libidinosos
tinha o propósito de trazer benefícios espirituais", explicou Teixeira.
O que o suspeito diz
Após a prisão, o suspeito chegou a
confessar em depoimento, algumas práticas relatadas pelas vítimas, como o usos
de ervas e grãos, mas negou que prometia cura de doenças e que tocava nas
partes íntimas das vítimas. "Ele não tinha uma religião específica
praticada no centro religioso", explicou o delegado.
A investigação
As investigações vão continuar.
"Até o momento o caso mais antigo relatado por uma vítima que teve coragem
de denunciar, aconteceu há três anos", relatou Teixeira. Dois celulares do
investigado que foram apreendidos serão periciados em busca de mais evidências
dos crimes praticados.
Até o momento foram ouvidas 15 pessoas
no processo, sendo 12 vítimas diretas dos abusos cometidos e outras três que
frequentavam o centro religioso. "Ainda vamos colher depoimentos nos
próximos dias, de cerca de seis pessoas que presenciavam os atos", disse o
delegado.
Com a conclusão do inquérito, o líder
religioso pode ser indiciado por prática de importunação sexual e violação
sexual mediante fraude, além de estelionato sexual.
Após prestar depoimento, ainda na
terça-feira(9), o suspeito foi levado para o presídio de João Monlevade, no
Norte de Minas Gerais, onde vai aguardar preso a conclusão das investigações. O
centro religioso está fechado.
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