O megatraficante André Oliveira Macedo,
conhecido como André
do Rap, um dos principais chefes do Primeiro
Comando da Capital (PCC), completa cinco anos foragido nesta
sexta-feira, 10. Condenado
a 25 anos de prisão por tráfico internacional de drogas, ele figura na
lista de criminosos mais procurados do mundo e é alvo da Difusão Vermelha da
Interpol, o mais alto nível de alerta internacional.
André do Rap foi solto
em outubro de 2020, após decisão individual do então ministro Marco
Aurélio Mello, do Supremo
Tribunal Federal (STF). À época, o ministro alegou haver excesso de
prazo na prisão processual e determinou sua soltura. Desde 2020, o pacote
anticrime determina que as prisões preventivas sejam reavaliadas a cada 90
dias, a fim de verificar se ainda há necessidade de mantê-las.
Na ocasião, o então ministro considerou
que essa revisão não tinha sido feita no caso de André do Rap. A liminar foi
revogada pelos ministros logo depois, mas o criminoso já havia deixado a
penitenciária. Por ordem do Supremo, ele
deveria se apresentar a um endereço no Guarujá (SP), o que nunca ocorreu.
Desde então, está foragido.
Criminoso movimentou milhões e viveu no
luxo
Segundo o Departamento de Inteligência
Policial (Dipol) da Polícia Civil, o crime
organizado movimentou R$ 16,8 bilhões entre janeiro de 2024 e maio de 2025 em
operações financeiras suspeitas. O levantamento inclui empresas suspeitas de
ligações ao megatraficante. "Chegou-se ao total de R$ 25.168.000,00 em valores
considerados suspeitos", afirma o documento.
Antes de ser preso em 2019, André do Rap
já havia ficado foragido por cinco anos, até ser localizado pela Polícia Civil
em uma mansão em Angra dos Reis (RJ). À época, ele ostentava
um patrimônio avaliado em R$ 17 milhões, fruto do tráfico, e se apresentava
como empresário do ramo artístico e esportivo para disfarçar o dinheiro
ilícito.
Morador de Santos, o traficante passava
os fins de semana em Angra e costumava fretar voos para Jacarepaguá (RJ).
A polícia
chegou até ele ao rastrear a compra de uma lancha Azimut de 60 pés, avaliada em
R$ 6 milhões, registrada em nome de um laranja. No local, foram apreendidos
também um helicóptero de R$ 7 milhões e um Hyundai Tucson, além de registros de
gastos com marinheiros, caseiros e empregados domésticos.
Ascensão no crime e ligação com o PCC
Nascido em Santos, em 1977, André
do Rap cresceu na região de Itapema, próxima à Favela Portuária, no Guarujá.
Foi preso pela primeira vez em 19 de setembro de 1996, aos 19 anos, por tráfico
de drogas. Após passagem pelo 2.º Distrito Policial do Guarujá, cumpriu pena na
Casa de Detenção do Carandiru, em São Paulo, onde conheceu o movimento do rap e
conviveu com detentos que mais tarde formariam o grupo 509-E, como Afro-X e
Dexter.
Solto em 1999, voltou a ser preso em
2003, novamente por tráfico. À época, já era investigado pela Delegacia de
Investigações sobre Entorpecentes (Dise) de Santos.
Em 2005, durante nova prisão, foi
batizado como integrante do PCC dentro da Penitenciária de São Vicente. Depois
disso, foi solto em 2006, preso em 2007, e libertado novamente em 2008, até
voltar a comandar o tráfico internacional anos depois.
COLABOROU MARCELO GODOY