Obras de pavimentação nas cidades de
Juazeiro e Novo Horizonte estão sob suspeita de superfaturamento e são o foco
da Operação Overclean da Polícia Federal (PF). O deputado federal
Adolfo Viana (PSDB-BA) é acusado de enviar emendas para essas obras no valor de
R$ 7 milhões. As informações são do portal Uol.
As obras foram executadas pela empresa
Allpha Pavimentações. Os sócios da empresa são os irmãos Alex Parente e Fabio
Parente, que foram presos preventivamente pela PF em dezembro de 2024.
Segundo as investigações, Alex Parente
esteve no gabinete de Viana na Câmara dos Deputados 22 vezes entre 2021 e 2024.
Os contratos de R$ 40,7 milhões com a Allpha foram realizados após pregão
realizado pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). O
coordenador do órgão na Bahia na época, Lucas Maciel Lobão, era indicado
por Adolfo Viana.
Ainda segundo as investigações, em junho
de 2021, dois dias após Lobão solicitar o orçamento para o pregão do Dnocs,
Alex Parente fez sua primeira visita ao gabinete de Viana. Uma investigação
anterior, que apontou sobrepreço em outra compra com recursos indicados por
Viana, resultou no afastamento de Lobão do Dnocs antes do pregão. Lobão então
passou a trabalhar como lobista para os irmãos Parente. Ele é investigado por
ajudar a negociar fraudes e propina.
Uma semana após se encontrar com Alex
Parente, Viana enviou R$ 3 milhões em emendas Pix para a Prefeitura de Camaçari
em 2023. O município é investigado por fraude e superfaturamento em serviços de
limpeza com outra empresa dos irmãos Parente, a Larclean, que vendia
dedetização 660% mais cara que o preço de mercado.
O município de Camaçari foi procurado
pelo Uol e disse que cabe à gestão anterior, de Antônio Elinaldo Araújo da
Silva (União), dar explicações. O ex-prefeito não respondeu.
A Controladoria-Geral da União (CGU)
indicou em relatório no mês de outubro de 2023 que R$ 4,2 milhões foram
superfaturados nas obras da Allpha no Dnocs. Os pagamentos e contratos foram
suspensos em novembro de 2023 pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Os irmãos Parente são investigados pela
PF por fraude em licitações, corrupção e desvio de dinheiro de emendas. As
investigações apontam que Marcos Moura, conhecido como "rei do lixo",
é o líder da organização.
O deputado Adolfo Viana ainda não foi alvo da Operação Overclean. No entanto, o nome dele consta em ofícios de emendas nos documentos apreendidos no Dnocs. O deputado e os empresários Parente não se manifestaram ao Uol.