Montes Claros registrou, em setembro,
uma inflação de 0,63%, acelerando em relação a agosto, quando o índice foi de
0,21%, o menor do ano. No acumulado de 2025, a cidade já soma 4,80% de
inflação, mantendo, segundo especialista, um comportamento estável dentro do
esperado para o período.
A economista Vânia Vilas Bôas explica
que o resultado do mês foi influenciado principalmente pelos grupos habitação e
alimentação, responsáveis por mais de 70% do índice. “Na habitação, o que pesou
foi principalmente o reajuste da energia elétrica e dos aluguéis. Com relação à
energia, as tarifas no Brasil ficaram mais caras em setembro de 2025 devido à
ativação da bandeira tarifária vermelha, patamar 2, o que impactou diretamente
as contas de luz e contribuiu para a aceleração do índice inflacionário no município”,
destaca.
No grupo de alimentação, segundo Vânia,
houve aumento em produtos industrializados e itens in natura. “Esses reajustes
refletem fatores sazonais típicos deste período, além das secas intensas que
têm prejudicado a produção de hortifrutigranjeiros”, explica.
Apesar da alta em alguns setores, a
economista reforça não haver sinais de pressão inflacionária generalizada. “Os
demais grupos, como saúde, educação e transporte, mostraram variações
moderadas, reforçando um cenário de estabilidade de preços”, afirma.
Outro dado positivo foi a queda de 1,24%
no valor da cesta básica, que passou a custar R$ 557,80, o menor valor do ano.
“Esse recuo reduziu o comprometimento do salário mínimo para 36,7%, indicando
um alívio no custo de vida dos trabalhadores montes-clarenses”, aponta.
Para os próximos meses, Vânia projeta
manutenção do comportamento moderado. “Podemos ter algumas oscilações pontuais,
mas sem risco imediato de alta forte nos preços, desde que não ocorram choques
de oferta ou reajustes expressivos em energia e combustíveis”, avalia.
Moradores da cidade, no entanto, relatam
sentir mais diretamente os impactos no orçamento doméstico. A dentista Sheridan
Azevedo Vasconcelos afirma que o aumento nas tarifas de energia elétrica elevou
significativamente seus custos. “Para mim, que sou dentista e uso muita
energia, os custos estão cada vez mais altos”, conta. Ela acrescenta que, mesmo
com inflação baixa, o reflexo no dia a dia é perceptível: “Os preços parecem
cada vez mais altos. Antes, as contas davam menores, e hoje a gente vê itens com
valores exorbitantes”.
Para driblar os aumentos, Sheridan
procura economizar onde é possível. “Na conta de luz, tento economizar, mas com
esse calor é difícil. Ligamos luz, ventilador, ar-condicionado… são muitas
demandas. No supermercado, tento buscar produtos mais em conta, mudo de marca
ou deixo de comprar dependendo da necessidade”, relata.
O aposentado Edilson Rodrigo de Oliveira
também sente o peso do aumento das contas de energia. “Muita diferença.
Inclusive, eu estou com uma conta lá em casa que veio altíssima. Pelo preço que
eu pagava antes, agora veio quase o dobro”, conta. Ele ainda aponta que outros
serviços também ficaram mais caros: “Da água mesmo, botei na ponta do lápis, e
não tem condição. Está pesado demais”.
Edilson afirma que, apesar das tentativas de economizar, o custo de vida segue alto. “Uso menos televisão, menos ventilador, mas não tem jeito, a gente acaba sofrendo um pouco mais. Para mim, está quase igual, não mudou nada. Não percebi diminuição nenhuma na inflação”, conclui.