A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta-feira 1º, a Operação
Estado Anômico, contra uma organização criminosa suspeita de atuar há mais de
uma década em Feira de Santana e cidades próximas na Bahia. Entre os principais
alvos está o deputado estadual Kléber Cristian Escolano de Almeida (PRD-BA),
conhecido como Binho Galinha, acusado de chefiar o grupo.
O deputado não foi localizado pelos agentes e passou a ser considerado
foragido da Justiça. Já sua esposa, Mayana Cerqueira da Silva, e o filho, João
Guilherme Cerqueira da Silva Escolano, foram presos durante a ação, que também
resultou na detenção de quatro policiais militares.
Ao todo, foram expedidos dez mandados de prisão preventiva e 18 mandados
de busca e apreensão, cumpridos em Feira de Santana, Salvador e São Gonçalo dos
Campos. A Justiça determinou ainda o bloqueio de 9 milhões de reais das contas
dos investigados e a suspensão de atividades de uma empresa usada para lavagem
de dinheiro.
Segundo a PF, o grupo criminoso é apontado como responsável por crimes
de lavagem de dinheiro oriundo do jogo do bicho, agiotagem, extorsão,
receptação qualificada, comércio ilegal de armas e associação para o tráfico.
As investigações indicam que, mesmo sob medidas cautelares, o deputado
continuou a liderar o esquema utilizando empresas de fachada e laranjas para
movimentar recursos ilícitos.
A operação desta quarta-feira é um desdobramento da Operação El Patrón,
deflagrada em dezembro de 2023, quando foram cumpridos mais de 30 mandados e
bloqueados mais de 200 milhões de reais em bens. Na época, esposa e filho de
Binho Galinha também haviam sido presos, mas foram soltos no ano seguinte. Em
junho de 2024, parte das medidas da El Patrón foi anulada pelo STJ, que apontou
falhas na coleta de relatórios do Coaf sem autorização judicial. Mais tarde, o
STF reverteu a decisão, validando parte das provas.
De acordo com a Justiça e o Ministério Público da Bahia, a persistência
do grupo em manter as atividades criminosas justificou a nova ofensiva.
Participam da ação cerca de 100 policiais federais, auditores da Receita
Federal e integrantes do Gaeco.
Quem é Binho Galinha
Natural de Feira de Santana, Binho Galinha ganhou projeção política após
atuar em ações sociais durante a pandemia de Covid-19, quando distribuía
refeições a famílias carentes. Empresário do setor automotivo, é dono do
ferro-velho Tend Tudo, fundado em 2006. O apelido surgiu no início da vida
profissional, quando trabalhou em um abatedouro de aves.
Antes de ingressar na política, acumulou passagens policiais: foi preso
em 2011 sob acusação de integrar uma quadrilha especializada em roubos de
veículos. Em 2023, tornou-se alvo da Operação El Patrón, que apontou sua
ligação com uma milícia envolvida em lavagem de dinheiro e comércio de peças de
automóveis roubados.
Eleito deputado estadual, Binho Galinha foi denunciado pelo Ministério
Público da Bahia em fevereiro de 2025 como líder da organização criminosa que
domina atividades ilícitas em Feira de Santana. Desde então, passou a responder
a processos, mas se manteve no exercício do mandato na Assembleia Legislativa
da Bahia, sem que o Conselho de Ética da Casa instaurasse processo disciplinar.
Atualmente, o deputado é réu e foragido da Justiça, enquanto familiares
e aliados já cumprem prisão preventiva em decorrência da nova operação.
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