Deputados estaduais de oposição
protocolaram nesta segunda-feira, 3, um pedido de impeachment contra
o governador do Rio de
Janeiro Cláudio Castro (PL).
O motivo é a operação
policial que resultou em 121 mortes nos complexos da Penha e do
Alemão na última semana, considerada a mais letal da história do Estado.
Os autores afirmam que o governador
autorizou, legitimou e celebrou ação que produziu letalidade inédita e feriu
direitos constitucionais básicos; descumpriu decisão do Supremo
Tribunal Federal (STF) sobre operações policiais em comunidades do
Rio (a “ADPF
das favelas”); exaltou publicamente o resultado letal e omitiu-se
quanto à transparência e acompanhamento das mortes.
“Tais condutas configuram, em tese,
crime de responsabilidade por atentado aos direitos fundamentais da população,
à autoridade do Poder Judiciário, e aos princípios da administração pública;
impondo-se, por isso, a instauração do processo de impeachment para preservação
da Constituição e da democracia”, diz o documento.
O pedido foi apresentado pela deputada
estadual Renata Souza (PSOL) e conta com a assinatura de outros nove
parlamentares: Dani Monteiro, Flavio Serafini, Professor Josemar e Yuri Moura,
também do partido; Marina do MST, Elika Takimoto e Verônica Lima, do PT; Carlos
Minc (PSD); e Dani Balbi (PCdoB).
As chances de que o impeachment de
Castro seja pautado são baixas, uma vez que a base aliada ao governador é
maioria na Assembleia
Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
O PL, partido de Castro, detém a maior
bancada da Casa, com 18 dos 70 assentos. O União Brasil, também aliado do
governador, ocupa dez cadeiras. Já a oposição (PT, PSOL e PCdoB) soma apenas 13
deputados, o que torna improvável a aprovação do pedido.
Além da abertura do processo de
impeachment, os autores solicitam a realização de perícias independentes, o
acesso a relatórios e dados da operação e a inelegibilidade de Cláudio Castro
por oito anos.
Em relatório apresentado pelo governador fluminense ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, que é o relator da ADPF das Favelas, Castro afirmou que o uso da força, “ainda que intensa”, foi necessário frente ao perfil paramilitar do Comando Vermelho. O documento elaborado pela Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro (Sepol) alega que a operação não infringiu as determinações da ADPF.

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