Abel Ferreira não brincou quando disse que seria
mágica a noite no Allianz Parque. Acostumado a descolar viradas
improváveis, o Palmeiras conseguiu mais uma memorável
reviravolta, certamente uma das maiores de sua história. Depois de levar 3 a 0
da LDU há uma semana no Equador, fez 4 a 0 nos
equatorianos e vai disputar a final da Libertadores pela
sétima vez.
Predestinado como tantas vezes foi no
passado, mas como não tinha sido neste ano até esta noite, Raphael
Veiga saiu do banco para definir a classificação. Foram dele os dois
últimos gols em uma noite perfeita, que começou com gols de Sosa e
Bruno Fuchs e teve participação fundamental de Allan. Cria
da base, o jovem meio-campista atuou de ala e jogou mais que todos. Acertou
tudo e sofreu o pênalti que Veiga cobrou para decretar a goleada alviverde. Na
decisão, o Palmeiras vai reeditar, quatro anos depois, a final contra o
Flamengo. Em Montevidéu, o time alviverde derrotou os cariocas
e conquistou seu terceiro e último título da Libertadores. Agora buscará o
tetra no dia 29 de novembro em Lima. A Conmebol manteve o
duelo na capital peruana apesar de o país andino passar por uma profunda crise
política e social.
O nervosismo não atrapalhou o Palmeiras, que, se não fez um primeiro tempo
irretocável, foi muito competente em sua estratégia. Empurrou os equatorianos
para trás e pressionou como pôde, desde o início pelas pontas e pelo meio, por
baixo e, principalmente, por cima. Allan, como um ponta pela direita, e Sosa,
as duas novidades na escalação, mostraram a Abel que o português estava certo
em escalá-los. Especialmente Allan fez um jogo sem retoques. Levou vantagem em
cima de todos os marcadores pela direita e foi dele o passe para o atacante
paraguaio renovar a esperança alviverde.
Aos 19, Sosa resvalou de cabeça e abriu
o placar. O gol empolgou inflamou a torcida e fez os anfitriões manterem a
pressão, ainda que cometendo erros importantes no ataque. Vitor Roque, por
exemplo, chutou em cima do zagueiro oportunidade que não costuma errar. Mas a
insistir valeu a pena. Bruno Fuchs, no acréscimo, estava no lugar certo para
chutar no canto de Domínguez e fazer o segundo. A bola não rolou tanto
como quis o Palmeiras muito também por interferência do colombiano Wilmar
Roldán, árbitro conhecido por “picotar” o jogo e pela lentidão em suas
marcações. Postura que, claro, agradou a LDU, que, com o relógio a seu favor,
fez o quanto pôde de cera.
Restava um gol para igualar o placar no
agregado. E foi atrás desse gol por mais 45 minutos o Palmeiras na etapa final
da mesma forma que fizera nos 45 minutos iniciais. A pressão foi mantida.
Atrapalharam algumas falhas na hora de definir os lances, talvez pela
impaciência, mas foi de novo bastante superior o time alviverde. Nenhum
contra-ataque acertou a LDU, que precisou do experiente Domínguez para não
levar mais gols. Foram duas determinantes defesas do goleiro em cabeceio de
Flaco López e falta cobrada por Raphael Veiga. Quis o destino que fosse
de Veiga o terceiro gol. Criticado pela partida ruim no Equador, o
meio-campista, ídolo de parte importante da torcida, voltou a ser decisivo como
não vinha sendo. Estava no lugar certo, dentro da área, quando Vitor Roque o
encontrou entre os zagueiros. O meia não teve trabalho para pôr tirar de
Domínguez com o pé esquerdo. Iluminado, Veiga também fez o quarto da
marca da cal. Cobrou com segurança no meio do gol pênalti que sofreu Allan,
o melhor em campo. O jovem foi meia, atacante, ala e não sossegou até encontrar
espaço onde parecia não haver, passar por três marcadores e ser derrubado por
Gruezo na área. Noite mágica no Allianz Parque.
FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS 4 X 0 LDU
PALMEIRAS – Carlos Miguel; Bruno Fuchs
(Khellven), Gómez e Murilo; Allan (Giay), Andreas Pereira, Mauricio (Felipe
Anderson) e Piquerez; Sosa (Raphael Veiga), Flaco López e Vitor Roque (Aníbal
Moreno). Técnico: Abel Ferreira.
LDU – Domínguez; Richard Mina (Freddy Mina), Ricardo Adé e
Quiñónez; Quintero, Villamíl, Gruezo, Cornejo e Cuero; Medina (Estrada) e
Alzugaray (Pastrán). Técnico: Tiago Nunes.
GOLS – Sosa, aos 19, e Bruno Fuchs, aos 49 do primeiro
tempo. Raphael Veiga, aos 22, e aos 36 do segundo tempo.
ÁRBITRO – Wilmar Roldán (Colômbia).
CARTÕES AMARELOS – Quintero, Mina, Vitor Roque,
Villamíl, Veiga ea Gruezo.
PÚBLICO – 39.941 torcedores.
RENDA – R$ 3.822.949,60.
LOCAL – Allianz Parque, em São Paulo (SP).
Com informações da revista Istoé

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